6 de mai. de 2009

Balancetes de 2008 dos grandes de Sp

Corinthians teve lucro maior que o de rivais em 2008
Time do Parque São Jorge divulgou na semana passada ter fechado o ano com um superávit de R$ 10,871 milhões

Agência Estado

SÃO PAULO - De um lado, um clube que chegou às semifinais do Campeonato Paulista, às quartas-de-final da Libertadores e fechou a ano com um inédito tricampeonato seguido da Série A do Brasileiro. De outro, um rival que não conquistou vaga para a fase decisiva do Paulistão, perdeu a final da Copa do Brasil (e a chance de se classificar para a Libertadores) e, pior, amargou a disputa da Série B do Campeonato Brasileiro.

Esses dois retratos do desempenho esportivo de São Paulo e Corinthians em 2008 poderiam fazer supor que os balanços patrimoniais dos clubes tivessem seguido a mesma tendência. Mas no ano passado não foi assim. O Corinthians divulgou na semana passada ter fechado o ano com um superávit de R$ 10,871 milhões. Poucos dias antes, o São Paulo revelara um balanço com apenas R$ 2,244 milhões positivos. Pior ainda fez o Santos, que fechou 2008 no vermelho em R$ 24,745 milhões.

A constatação da análise desses três balanços de grandes paulistas (o Palmeiras ainda não publicou seus números auditados) é que permanece o descompasso entre as receitas e a despesas do futebol. Com exceção dos anos em que uma venda de direitos federativos de jogadores consegue salvar as contas. No caso do Santos, o peso do déficit das contas do clube social e esportes amadores foi particularmente importante.

Para fazer frente aos gastos do dia-a-dia, os dois clubes da capital recorreram aos bancos no ano passado. O São Paulo elevou seu passivo com empréstimos em bancos de R$ 18,732 milhões para R$ 42,764 milhões entre 2007 e 2008. No Corinthians, essa conta com bancos (e que inclui também antecipações do Clube dos 13 e da BWA, empresa responsável pela venda de ingressos) saltou de R$ 13,189 milhões para R$ 31,314 milhões.

SÃO PAULO
O São Paulo gerou em 2008 receitas que chegaram a R$ 157 milhões, uma queda de 16,42% ante o faturamento de 2007, que havia chegado a R$ 189 milhões. A diferença foi exatamente a falta no ano passado de uma negociação como a do zagueiro Breno, que foi para o Bayern de Munique no fim de 2007. No ano passado, a conta de negociação de atletas chegou a R$ 30,562 milhões. Embora tivesse ficado muito abaixo dos R$ 76,1 milhões de um ano antes, foi maior que a aferida pelo clube em 2004, 2005 e 2006.

Para não ficar sempre na dependência de revelar talentos e vender direitos federativos desses jogadores, o São Paulo tem tentado buscar contratos e parceiras que tragam novas receitas ao clube. No final de 2008, foi assinado um contrato com a Visa para reformar e modernizar setores do estádio do Morumbi com capacidade para 20 mil lugares.

O estádio também aderiu à onda do "concept hall" , inaugurando uma livraria, uma megastore de material esportivo e um bar. Está prevista ainda a construção de uma churrascaria anexa ao estádio, uma escola de línguas e a locação de outros setores do Morumbi para empresas como Volkswagen e Biosintética.

No ano passado, os direitos de transmissão de TV renderam ao clube R$ 27,320 milhões, ante R$ 24,85 milhões em 2007. A arrecadação com jogos somou R$ 16,76 milhões em 2008 e o aluguel do estádio rendeu outros R$ 4,58 milhões.

As despesas pesaram bastante. O custo do futebol profissional e de base totalizou R$ 104,91 milhões, o gasto com clube social e esportes amadores chegou a R$ 16,31 milhões, a manutenção do Morumbi somou R$ 8,11 milhões, as despesas administrativas totalizaram R$ 11,75 milhões e as tributárias foram de R$ 9,40 milhões. No total, as despesas tricolores chegaram a R$ 155,72 milhões.

CORINTHIANS
A receita do Corinthians em 2008 não sofreu nenhuma influência com a queda para a Série B. O clube recebeu R$ 25,631 milhões em direitos de transmissão de TV (9,7% a mais que em 2007), elevou a conta de patrocínio e publicidade para R$ 24,704 milhões (+29,19%) e viu a bilheteria dos jogos praticamente dobrar, para R$ 16,592 milhões.

No total, a receita com o futebol só foi menor por conta da ausência de grandes negociações com atletas. A receita líquida da atividade caiu de R$ 119,990 milhões no ano retrasado para R$ 94,438 milhões para o ano passado. Mas nessa conta de 2007 pesam as vendas dos direitos dos jogadores Willian, para o Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, Marcelo Mattos, para o Panathinaikos, da Grécia, e até a litigiosa transferência de Carlos Alberto para o Werder Bremen, da Alemanha.

As receitas com repasses de direitos federativos caíram de R$ 71,392 milhões naquele exercício para R$ 26,780 milhões em 2008 - aí pesando mais as vendas de partes dos direitos dos atletas Dentinho e André Santos para o Grupo DIS, do empresário Delcir Sonda.

O clube social e os esportes amadores mostraram ótima recuperação em 2008, com um déficit de apenas R$ 724 mil, antes perdas de R$ 19,991 milhões em 2007. O Corinthians aumentou as receitas com as contribuições de sócios, explorações comerciais e, especialmente, de licenciamento e franquias.

Dois detalhes chamam a atenção na rubrica "conta a receber" do balanço do Corinthians. O clube alega ser credor de R$ 60 milhões da MSI (Media Sports Investment) por conta da rescisão do contrato de parceria, mas lançou o mesmo valor em "provisão para crédito de liquidação duvidosa", o que mostra que a esperança de receber os valores é baixa.

O mesmo não ocorre com os R$ 12,953 milhões que clube pleiteia junto ao Werder Bremen, por conta da transferência do meia Carlos Alberto, hoje no Vasco. Os recursos estão depositados judicialmente e a área jurídica do clube acredita que a entrada dos valores se dará ainda em 2009.

SANTOS
Se São Paulo e Corinthians ainda conseguiram fechar 2008 no azul, o Santos continuou no vermelho, embora seu prejuízo tenha caído de R$ 36,612 milhões para R$ 24,745 milhões. Isso reflete, em parte, o fraco desempenho esportivo: o clube ficou em sétimo no Campeonato Paulista do ano passado, caiu nas quartas-de-final da Libertadores e correu risco de rebaixamento para Série B do Brasileiro.

O resultado do futebol foi deficitário em R$ 958,2 mil, os esportes amadores sangraram as contas em R$ 2,532 milhões e o clube social carregou a conta em R$ 21,254 milhões negativos. Nos comentários sobre o balanço a administração santista destacou a redução de despesas em todas as áreas no ano passado, em especial os R$ 5,343 milhões economizados nas atividades do Departamento de Esportes.

O Santos também destacou os R$ 4,353 milhões recebidos no ano passado por meio do mecanismo de solidariedade, instituído pela Fifa. Como formador dos jogadores, o clube se beneficiou em 2008 de transferências milionárias de seus ex-jogadores Robinho, Elano, Ricardo Oliveira e Alex.
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